Hamburger Anzeiger - EUA oferece garantias de segurança 'sólidas' à Ucrânia por 15 anos, afirma Zelensky

EUA oferece garantias de segurança 'sólidas' à Ucrânia por 15 anos, afirma Zelensky
EUA oferece garantias de segurança 'sólidas' à Ucrânia por 15 anos, afirma Zelensky / foto: Jim WATSON - AFP

EUA oferece garantias de segurança 'sólidas' à Ucrânia por 15 anos, afirma Zelensky

O governo dos Estados Unidos ofereceu garantias de segurança "sólidas" à Ucrânia por um período de 15 anos, prorrogável, informou nesta segunda-feira (29) o presidente Volodimir Zelensky, que solicitou a Donald Trump um prazo mais longo durante seu encontro na Flórida.

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Segundo o mandatário ucraniano, estas garantias são uma condição indispensável para suspender uma lei marcial em vigor na Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

"Eu realmente queria que as garantias fossem mais longas. Eu disse a ele que realmente queremos considerar a possibilidade de 30, 40, 50 anos", afirmou Zelensky em uma entrevista coletiva virtual. Trump respondeu que pensaria na possibilidade, acrescentou.

Após a reunião em Mar-a-Lago, o republicano mostrou-se otimista, mas evasivo, considerando que se está "mais perto do que nunca" de um acordo que ponha fim ao conflito, o mais mortal ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, sem, no entanto, dar detalhes sobre qualquer eventual avanço.

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta segunda-feira que o governo russo concorda com Trump que as negociações para encerrar o conflito, intensificadas desde novembro, entraram em sua fase final.

- "Tropas internacionais" necessárias -

Zelensky não forneceu detalhes sobre as garantias de segurança propostas por Washington e limitou-se a dizer que incluem elementos que já haviam sido abordados anteriormente.

Por exemplo, foi considerado que Washington e os aliados de Kiev oferecessem à Ucrânia um mecanismo semelhante ao do Artigo 5 da Otan, que prevê assistência em caso de agressão.

Segundo o mandatário ucraniano, Trump "confirmou" os "detalhes" destas garantias e indicou que o Congresso americano deverá votá-las.

O dirigente também considerou que a presença de "tropas internacionais" na Ucrânia, uma possibilidade que o Kremlin já descartou no passado, constituiria uma garantia de segurança necessária e "real", que reforçaria a confiança dos cidadãos e dos investidores diante do risco de uma nova agressão russa.

Na reunião de domingo, Zelensky e Trump também falaram sobre um plano de apoio econômico para a reconstrução da Ucrânia, do qual participariam empresas americanas, e sobre um possível acordo de livre comércio, detalhou o presidente ucraniano.

- Questões em aberto -

Zelensky também deseja obter o respaldo de seu homólogo americano para uma nova versão do plano apresentado por Washington há quase um mês, e que foi emendado a pedido de Kiev por considerá-lo favorável a Moscou.

A nova versão propõe que a frente fique congelada nas posições atuais, sem oferecer uma solução imediata para as reivindicações territoriais da Rússia, que controla cerca de 20% do território ucraniano.

O novo documento também deixa de fora duas exigências-chave do Kremlin: a retirada das tropas ucranianas da região de Donetsk, na bacia industrial do Donbass (leste); e que a Ucrânia se comprometa legalmente a não aderir à Otan.

Quanto ao Donbass, um tema crucial para alcançar uma saída para o conflito, Trump assegurou: "Ainda não está resolvido, mas está avançando muito. É um assunto muito difícil, mas acredito que será resolvido".

Segundo Zelensky, dois temas ainda estão em aberto: o funcionamento da usina nuclear de Zaporizhzhia (sul) e a questão territorial.

Horas antes da reunião de domingo, o presidente americano falou por telefone com seu homólogo russo, Vladimir Putin. Uma conversa que ele qualificou como "muito produtiva".

Na segunda-feira, o dirigente ucraniano destacou que qualquer acordo para pôr fim à guerra "deve ser assinado por quatro partes: Ucrânia, Europa, Estados Unidos e Rússia".

Também afirmou esperar que autoridades americanas e europeias se reúnam "nos próximos dias" na Ucrânia e reafirmou seu apoio à organização de um referendo na Ucrânia que, segundo ele, atuaria como um "instrumento potente" para que a "nação ucraniana" aceite as condições de paz que forem propostas.

Redobrando a pressão no terreno, a Rússia bombardeou Kiev e sua região no sábado, deixando mais de um milhão de residências sem eletricidade por horas. Também anunciou a tomada de duas cidades no leste da Ucrânia.

Zelensky denunciou nesta segunda-feira que as ações de Putin na Ucrânia não correspondem às declarações "pacíficas" que ele faz diante de Trump, e assegurou que o governo russo "não quer nenhum cessar-fogo".

U.M.Thomas--HHA