Hamburger Anzeiger - China inicia manobras militares para simular bloqueio de portos de Taiwan

China inicia manobras militares para simular bloqueio de portos de Taiwan
China inicia manobras militares para simular bloqueio de portos de Taiwan / foto: Cheng Yu-chen - AFP

China inicia manobras militares para simular bloqueio de portos de Taiwan

A China iniciou grandes exercícios militares com munição real ao redor de Taiwan, que simularão o bloqueio de portos importantes da ilha de governo democrático, que Pequim reivindica como parte de seu território.

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Reconhecida oficialmente por pouco mais de 10 países, a ilha dispõe de governo, exército e moeda próprios. Também conta com os Estados Unidos como seu principal fornecedor de armamentos e segurança.

No início do mês, a Casa Branca aprovou uma venda de armas no valor de 11,1 bilhões de dólares (61,5 bilhões de reais) a Taipé, o que provocou uma reação de indignação do governo chinês.

As manobras, que receberam o nome "Missão Justiça 2025", contam com a participação de destróieres, fragatas, soldados, bombardeiros e drones que realizam "treinamentos com munição real contra alvos marítimos ao norte e sudoeste de Taiwan", afirmou o exército chinês.

As atividades se concentrarão na "capacidade de combate mar-terra, tomada conjunta de ampla superioridade, bloqueio de portos e áreas cruciais", explicou em um comunicado o coronel Shi Yi, porta-voz do Comando de Teatro Oriental das Forças Armadas da China.

Após o início dos exercícios, o Ministério das Relações Exteriores alertou que qualquer tentativa de obstruir a unificação de Taiwan com a China "está destinada ao fracasso".

"As forças externas que tentam usar Taiwan para conter a China e que fornecem armas a Taiwan apenas encorajarão a arrogância independentista e empurrarão o Estreito de Taiwan para uma situação perigosa de guerra iminente", disse o porta-voz Lin Jian.

- "Intimidação militar" -

O Exército Popular de Libertação (ELP) exibiu um mapa com cinco grandes zonas ao redor de Taiwan, onde serão organizadas as manobras com "munição real" e recomendou que "qualquer embarcação ou aeronave não relacionada evite entrar nas águas e no espaço aéreo acima mencionados".

Segundo as autoridades de Taiwan, algumas zonas ficam a menos de 12 milhas náuticas de sua costa e afetam rotas internacionais de transporte marítimo e aéreo.

A porta-voz da presidência de Taiwan, Karen Kuo, condenou as manobras, que chamou de "intimidação militar".

O Ministério da Defesa da ilha afirmou que detectou 89 aviões militares chineses perto de seu território, o número mais elevado em um único dia desde outubro de 2024.

Também registrou a presença de 28 navios de guerra e da Guarda Costeira da China, além de uma formação de navios anfíbios no Pacífico Ocidental.

O Exército taiwanês afirmou que mobilizou "forças apropriadas" para "um exercício de resposta rápido".

As manobras da China "confirmam ainda mais sua natureza agressora, tornando-a a maior destruidora da paz", afirmou o Ministério da Defesa.

- "Advertência" -

Nos últimos anos, a China aumentou a pressão sobre Taiwan no campo diplomático, econômico e especialmente militar, com o envio frequente de aviões e navios ao redor da ilha e a organização de exercícios em larga escala.

As relações com Taipé pioraram com a chegada ao poder do Partido Progressista Democrático em 2016. Seu líder e presidente taiwanês desde 2024, Lai Ching-te, considera o território uma nação soberana.

O coronel chinês Shi Yi afirmou que as manobras são "uma advertência veemente às forças separatistas pela independência de Taiwan" e "uma ação legítima e necessária para salvaguardar a soberania e a unidade nacional".

Um pôster publicado pelo Exército chinês sobre as manobras mostra "setas da justiça" - uma delas em chamas - caindo sobre um contorno geográfico de Taiwan.

E um vídeo das Forças Armadas gerado por Inteligência Artificial mostra águias, tubarões, lobos e abelhas se transformando em equipamentos militares chineses e atacando Taiwan em uma intensa ofensiva por mar e ar.

A televisão estatal chinesa CCTV informou que um tema central dos exercícios é o "bloqueio" de portos taiwaneses, incluindo Keelung, no norte, e Kaohsiung, no sul.

A China anunciou recentemente que adotaria "medidas resolutas e contundentes" para proteger seu território após a venda de armas dos Estados Unidos a Taiwan.

Na semana passada, o governo anunciou sanções contra 20 empresas de defesa americanas, embora, em sua maioria, tenham pouco ou nenhum negócio na China.

Pequim também mantém uma disputa diplomática com Tóquio, depois que a nova primeira-ministra japonesa sugeriu um potencial apoio a Taiwan no caso de um futuro conflito armado.

W.Taylor--HHA