Hamburger Anzeiger - Ucrânia celebra 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia

Ucrânia celebra 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia
Ucrânia celebra 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia / foto: Tobias SCHWARZ - AFP

Ucrânia celebra 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e os emissários de seu homólogo americano, Donald Trump, alcançaram "avanços reais" nas negociações em Berlim, que buscam pôr fim à guerra com a Rússia, declarou nesta segunda-feira (15) o negociador de Kiev, Rustem Umerov.

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A Ucrânia espera convencer Washington de que é necessário acordar um cessar-fogo sem concessões territoriais à Rússia. Os dirigentes europeus, por sua vez, têm insistido em que qualquer acordo final deve conduzir a uma "paz justa" e não abrir caminho para futuras agressões russas.

"As negociações entre a Ucrânia e os Estados Unidos foram construtivas e produtivas, e foram alcançados avanços reais", escreveu Umerov nas redes sociais sobre o ciclo diplomático iniciado no domingo na capital alemã.

"Esperamos chegar a um acordo que nos aproxime da paz", acrescentou, sem dar detalhes sobre questões-chave como as concessões territoriais à Rússia ou as garantias de segurança solicitadas por Kiev.

Zelensky reuniu-se pelo segundo dia consecutivo com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o genro do presidente, Jared Kushner. O encontro foi realizado sob rigorosas medidas de segurança na Chancelaria em Berlim.

Witkoff já havia declarado no domingo que foram obtidos "grandes avanços" nas conversações.

Mas um funcionário próximo a elas declarou nesta segunda à AFP que a parte americana continua exigindo que a Ucrânia ceda o controle da região oriental do Donbass, um ponto inaceitável para Kiev.

Zelensky se reunirá mais tarde com o chefe do governo alemão, Friedrich Merz, e líderes do Reino Unido, França, Itália, Polônia e Finlândia, que buscarão reafirmar seu apoio à Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022. Também participarão os chefes da Otan e da União Europeia (UE).

Trump aumentou a pressão sobre a Ucrânia desde que apresentou, em novembro, um plano de 28 pontos para encerrar a guerra. O projeto, no entanto, foi criticado por Kiev e seus aliados por ser favorável demais a Moscou.

Desde então, as autoridades de Kiev apresentaram uma contraproposta e Zelensky indicou que seu país estava disposto a abrir mão de seu desejo de aderir à Otan, desde que recebesse em troca garantias sólidas em matéria de segurança.

Moscou assinalou que insistirá em suas exigências fundamentais, entre elas as relativas ao território e a que a Ucrânia nunca se junte à Aliança Atlântica.

- Putin "quer território" -

A Rússia espera que Washington a informe sobre os resultados dos diálogos, disse o Kremlin nesta segunda.

O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou na véspera que considerava "pouco provável que a contribuição tanto dos ucranianos quanto dos europeus para esses documentos seja construtiva". "Esse é o problema", disse em uma mensagem em vídeo.

Antes de chegar à Alemanha, Zelensky afirmou que esperava que os Estados Unidos apoiassem a ideia de congelar a linha de frente onde ela se encontra, em vez de a Ucrânia ceder toda a região leste do Donbass, como exige Moscou.

"A opção mais justa é que as coisas 'permaneçam como estão'", argumentou ele aos repórteres.

Uma fonte próxima às negociações disse à AFP, no entanto, que os negociadores americanos continuam exigindo que a Ucrânia abandone a região do Donbass, formada pelas províncias de Donetsk e Luhansk.

Moscou controla quase toda Luhansk e cerca de 80% de Donetsk, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, sediado nos Estados Unidos.

O presidente russo, Vladimir Putin, "quer território", enfatizou a fonte. "Os americanos dizem que a Ucrânia 'deve se retirar', o que Kiev rejeita", acrescentou. "É muito surpreendente que os americanos estejam adotando a posição russa sobre essa questão", continuou.

Em Berlim, Zelensky também se reuniu com o seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, e visitou o Parlamento. Na sua agenda figura ainda outro encontro com o chefe de governo alemão, em uma conferência empresarial germano-ucraniana.

O ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, afirmou que as negociações nunca tinham sido "tão sérias como agora". "O que ainda não sabemos é se Vladimir Putin realmente tem a vontade genuína de pôr fim a esta guerra", apontou.

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U.Smith--HHA