Hamburger Anzeiger - Sacrifício de rebanho bovino reacende revolta do setor agrícola na França

Sacrifício de rebanho bovino reacende revolta do setor agrícola na França
Sacrifício de rebanho bovino reacende revolta do setor agrícola na França / foto: Matthieu RONDEL - AFP

Sacrifício de rebanho bovino reacende revolta do setor agrícola na França

O sacrifício de um rebanho bovino no sul da França, após a detecção de um caso positivo de dermatose nodular, provocou confrontos entre agentes das forças de ordem e agricultores que protestavam contra esta medida.

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Os protestos ocorrem em um contexto de revolta no setor agrícola, alimentada por outros fatores, entre eles o acordo comercial negociado entre a União Europeia e os países do Mercosul.

Centenas de agricultores estavam reunidos desde a manhã de quarta-feira em uma exploração agrícola em Les Bordes-sur-Arize, localidade próxima à fronteira com a Espanha, para evitar o sacrifício de 207 vacas.

Na noite de quinta-feira, gendarmes lançaram bombas de gás lacrimogêneo para assumir o controle da fazenda e permitir o acesso ao local de veterinários, que começaram a sacrificar os animais nesta sexta-feira (12).

A dermatose nodular, uma infecção viral transmitida por picadas de insetos, é comum no norte da África. Causa bolhas e reduz a produção de leite nos bovinos.

Embora seja inofensiva para o ser humano, a doença costuma resultar em restrições comerciais e importantes prejuízos econômicos.

Para evitar sua propagação, a França ordenou o sacrifício de todo o rebanho quando um caso é detectado, enquanto restringe a vacinação de animais a determinadas regiões.

"Para salvar todo o setor, o sacrifício é a única solução", disse, nesta sexta, a ministra da Agricultura, Annie Genevard, diante das críticas à estratégia do governo.

Os sindicatos estão divididos. A Coordenação Rural e a Confederação Camponesa, respectivamente a segunda e a terceira centrais do setor, tentam se opor aos sacrifícios e defendem uma vacinação preventiva generalizada.

O principal sindicato, FNSEA, apoia o protocolo das autoridades, temendo que uma vacinação generalizada prive a França de seu status de país livre da doença e, portanto, de sua capacidade de exportar bovinos vivos durante meses.

Os protestos em Les Bordes-sur-Arize ocorrem às vésperas de uma manifestação contra o acordo UE-Mercosul, prevista para 18 de dezembro, em Bruxelas, onde são esperados até "10.000 manifestantes", segundo os organizadores, muitos deles originários da França.

A Comissão Europeia, braço executivo da UE, espera que os 27 Estados-membros autorizem o acordo entre 16 e 19 de dezembro, em Bruxelas. No dia seguinte, está prevista a assinatura do tratado entre os dois blocos regionais, em Foz do Iguaçu, Paraná, segundo uma fonte europeia.

O.Zimmermann--HHA